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sexta-feira, 27 de abril de 2007

Quentinho e tal!

Durante a madrugada de hoje em Portugal, realizaram-se os Pokka 1000 Km de Suzuka, o ex-líbris extra-campeonato das provas de "endurance" no Japão e que de futuro irá entregar o campeonato japonês de GT, agora chamado Super GT.

A missão adivinhava-se difícil para André Couto, o único luso presente, tal tinha sido a diferença de andamento dos Honda NSX da primeira fila da grelha para o Toyota Supra GT. Contudo, uma corrida que até começou mal, teve um final de glória e o português esteve no primeiro triunfo à equipa Sard na mítica prova ao cabo de doze (!) tentativas em vão.

Com as temperaturas no interior do habitáculo a rondarem os 65 graus os pilotos sentam-se equipados com o chamado cool-suit, um colete com placas de gelo que se veste entre a camisa e o fato anti-fogo e que está ligado a um sistema eléctrico que faz o processo de refrigeração permanente. Só que ao fazer a volta de aquecimento e ao ligar o botão que acciona o fato o sistema falhou.
"Senti-me lixado. 65 graus é como uma sauna. É a mesma sensação que deixar o carro ao sol com aquele bafo que até queima, com a agravante de ainda levarmos fato e capacete. Mas como tinha que ir concentrei-me noutras coisas, e fui guiando", começou por explicar André Couto ao nosso colega e amigo Alfredo Vaz, agora ao serviço do Ponto Final Macau.

Durante as primeiras voltas o piloto residente em Macau não se preocupou muito em ver os Honda ganharem vantagem a cada passagem sobre a linha de meta. Estava concentrado em desgastar-se o menos possível fisicamente, recorrendo a uma forma de condução mais conservadora. Até porque os 1000 Km de Suzuka são como fazer três corridas do Super GT num só dia. Ralph Firman assumiu o comando seguido de Ryo Michigami, de André Couto e do Lamborghini Murcielago R-GT da JLOC que acabaria por ficar pelo caminho mais tarde. Todos eles carros da classe GT500 do Super GT.

Depois de 28 voltas a gerir o desgaste físico e a situação, André Couto entrou nas boxes desidratado e quase a desmaiar. Ao chegar à boxe e quando saiu do carro o piloto luso foi imediatamente assistido por uma equipa médica posta em pronto-socorro pelos homens da Toyota, "vieram os médicos com gelo para fazer baixar a temperatura porque o teu corpo fica com uma espécie de febre artificial e até possível entrar em delírio. Mal conseguia ouvir o que eles me diziam, e perceber a conversa ainda menos".

Enquanto o Supra GT esteve parado para reabastecimento e mudança de pneus os mecânicos da Toyota Team Sard conseguiram solucionar o problema eléctrico com a ligação ao "cool-suit" e Ronnie Quintarelli saiu mais fresco para o seu primeiro turno. O italiano estava em pista há 10 voltas, mantendo-se no terceiro posto a sensivelmente um minuto dos Honda, quando começou a chover com intensidade e o pelotão teve de entrar na boxe para mudar os pneus. O transalpino campeão nipónico de Fórmula 3 cumpriu o seu turno sem mais incidentes e o mesmo se passou a seguir com o seu companheiro de equipa. A progressão do Toyota na classificação só começou no último turno do italiano, para ter o seu auge no do piloto de Macau.

Quando Ronnie Quintarelli rodava na parte traseira do circuito em terceiro da geral soube via rádio que o líder se tinha despistado. Ralph Firman calculou mal as distâncias quando se preparava para dobrar um concorrente atrasado e o Honda NSX da ARTA Honda Racing que seguia na cabeça da corrida acabou a deslizar na relva molhada de encontro às barreiras de protecção. Contudo, ainda faltava o outro Honda, aquele preparado pela Dome, exactamente o construtor japonês de protótipos e monolugares.

Quando André Couto saiu para a pista para o turno final a distância para o Honda líder era de cerca de um minuto e meio. Por isso a equipa decidiu arriscar, "antes do Ronnie parar falei com o meu engenheiro e decidimos arriscar: a pista estava semi-molhada e apostámos em pneus mistos. Era a única hipótese, e mesmo assim remota". A favor da Toyota estava também o facto dos Honda terem apostado por uma estratégia diferente: menos gasolina no arranque, mas por isso mais idas à boxe. E como o Honda tinha ainda que fazer mais uma paragem, André lançou um ataque desenfreado. Tanto, ou tão pouco, que em 20 voltas ganhou quarenta segundos ao homem da frente, uma média impressionante de dois segundos a cada cinco quilómetros.

Ou seja, o piloto da Honda, Takashi Kogure, entrou para o último reabastecimento com já de meio minuto de vantagem, e o regresso à pista foi o momento mais emocionante da corrida, "eu sabia que podia dar e enquanto ele estava na boxe fiz uma das voltas mais rápidas da corrida. Entrei na recta da meta e vi que ele ainda estava no "pit-lane" e acabei por passá-lo quando ele estava a sair para a pista. Muito emocionante". O nipónico público correspondeu em delírio.

Faltavam ainda 10 voltas para o final e até à bandeira de xadrez André Couto conseguiu ainda ganhar cerca de 11 segundos ao adversário directo oferecendo à sua equipa a primeira vitória na talvez mais prestigiada prova de resistência do continente asiático.

O segundo lugar na corrida ficou para o Honda NSX resistente, que o ano passado tinha vencido frente a uma concorrência da Toyota teoricamente mais forte e numerosa. Na terceira posição e última do pódio terminou o Vemac RD320R da Verno Tokai Dream 28, o primeiro dos GT300, na frente do Mosler MT900R da Gulf A&S Racing e do Nissan Skyline GT-R da Falken Racing.

Para André Couto: "A vitória em Suzuka para além de prestigiante, é sempre ficar nos livros da história como vencedor é bastante moralizadora para as provas que faltam do campeonato Super GT. Estamos em alta, acho que isso é evidente. O moral é cada vez melhor e vamos aplicar peças novas no carro para a próxima corrida".

A próxima prova, a quinta de um calendário de oito do Super GT nipónico, realiza-se no primeiro fim-de-semana de Setembro no circuito de Motegi - norte de Tóquio - a super pista oficial da rival Honda.


Resultado Final:
1- A.COUTO/R.QUINTARELLI/H.SHIMODA (Toyota Supra GT) 170 voltas em 6:26'41.366
2- R.MICHIGAMI/T.KOGURE/K.KANEISHI (Honda NSX) a 10.452
3- K.TAKAHASHI/A.WATANABE/H.KATO (Vemac RD320R) a 15 v
4- J.YAMASHITA/E.YAMADA/T.TANIGAWA (Mosler MT900R) a 18 v
5- T.TOMIMASU/Y.SEKI (Nissan Skyline GT-R) a 20 v
6- Y.ISHIBASHI/H.KOIZUMI/S.YAMAJI (Porsche 911 GT3 Rs) a 21 v
7- R.SAKAGUCHI/K.WAKASONE/K.GOHIRA (Oscar SK5.2 Toyota) a 21 v
8- A.IIDA/T.HASHIGUCHI/T.KIMURA (Porsche 911 GT3 R) a 22 v
9- T.MATSUMOTO/Y.ITO/K.NODA (Nissan Skyline GT-R) A 22 v
10- A.YOGO/G.JYONAI/M.SEKI (Porsche 911 GT3 Rs) a 27 v
(...)

By sportmotores

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(23/8/05)

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